- Município de Carrazeda de Ansiães celebra o dia da transferência dos Paços do Concelho de Ansiães para Carrazeda
Município de Carrazeda de Ansiães celebra o dia da transferência dos Paços do Concelho de Ansiães para Carrazeda

Desde 2018 que o Município de Carrazeda de Ansiães tem como objectivo assinalar o dia 6 de Abril chamando a atenção dos Carrazedenses sobre a sua importância histórica. Este ano a data foi celebrada com a apresentação no auditório do CITICA de um espectáculo de Fados com a artista Joana Amendoeira.
O dia 6 de Abril de 1734 ficou na história local como a data em que por intercedência do juiz de fora José Alvares d’Almeida foram transferidos os paços do concelho e o tribunal de Ansiães para Carrazeda. Na prática foi nesta data que Carrazeda nasceu como vila e sede de concelho.
Sobre este assunto sabemos o seguinte: Que a partir do séc. XVI a ausência de necessidades defensivas, a escassez de água, a inexistência de terrenos férteis e a aspereza do local ditam a gradual perda de importância da vila de Ansiães. Em 1527 o numeramento geral da população de Portugal indica que em Ansiães apenas residiam 35 moradores ao contrário do que acontecia em muitas das aldeias e lugares do seu termo onde a população excedia largamente a da vila. Este processo de despovamento agrava-se ao longo dos séculos seguintes até que em 1734, no dia 6 de Abril, por intercedência do recém-nomeado juiz de fora José Alvares d’Almeida, os Paços do Concelho e tribunal são transferidos de Ansiães para o emergente lugar de Carrazeda. Reza a história que este processo não foi pacífico tendo existido entre os habitantes de Ansiães alguma resistência a esta mudança. Como forma de acabar com os protestos do novo juiz de fora Francisco Justiniano Ferrazde Araujo e Castro (1743-1749) manda derrubar o antigo pelourinho deAnsiães acabando de vez com as pretensões dos habitantes desta antiga vila.
Fonte: Memorias Etymologicas e Históricas do Concelho de Anciães escrito em 1747 por Manoel de Moraes Magalhães Borges e publicado em 1857 por José Maria de Moraes da Mesquita.
(….)”pelo outro os nobres e homens bons da dita vila se tinham ausentado della, tendo acompanhado o senhor rei D. Sebastião nas suas invasões á Africa, desaparecendo deste modo a acção das leis e da justiça; o que deu logar a que alguns moradores da dita Villa e Concelho representassem a Sua Magestade a necessidade de um juiz de fora da dita vila, o que lhe foi concedido no anno de 1734, sendo primeiramente despachado o bacharel José Alvares d’ Almeida que fez conseguir a mudança de Anciães para o logar da Carrazeda, aonde mandou fazer boas cazas do Concelho com repartições para o tribunal das Audiencias e Camara; accommodações para a rezidencia do dito juiz de fora e seus sucessores, e uma cadêas pegadas ás mesmas cazas; tudo com dinheiro que lançou aos moradores deste Concelho, na importância de 2:000$000 reis. Esta mudança porém do antigo local da Villa de Anciães para o de Carrazeda não se fez sem oposição, tanto assim que o juiz de fóra Francisco Justiniano Ferraz deAraujo e Castro para desfazer e acabar com os prestigios que a antiga Vilade Anciães tinha ainda para alguma gente, mandou derribar e despedaçar o antiquíssimo Pelourinho, em que se achavam abertas as armas deste reino e as da mesma Vila.”